terça-feira, 10 de setembro de 2013

Riscos de um corredor estressado

Estresse no trabalho e atividade intensa podem aumentar riscos de lesões


Um dos mais antigos e renomados treinadores de corrida do País, Miguel Sarkis revela o perigo do trabalhador corredor das grandes metrópoles que passa a abusar dos treinos de alta intensidade.

“Especialmente nas grandes cidades, as pessoas vivem sob um nível de estresse muito mais alto do que anos atrás. A qualidade de vida tem piorado muito. Se você tem um atleta que é patrocinado, que tem um certo favorecimento para esforço máximo, ele pode fazer um trabalho muito forte, porque terá um período adequado de descanso e uma boa alimentação. Já para o sujeito que trabalha no dia a dia e tem um nível de estresse muito grande, quando você solicita uma atividade mais intensa, os riscos de lesões tornam-se muito grandes.”

O obstáculo para o trabalhador-corredor é a pouca retaguarda que oferece sua vida profissional e pessoal. “Ele tem horas de sono insuficientes — ninguém dorme mais 8 horas por noite; não ingere a quantidade necessária de água diária — tem gente que não chega a 600 ml por dia, e isso numa cidade com poluição alta, baixa umidade e calor significa um mínimo de 1,5 litro por dia", alerta.

"Na alimentação, precisa de cinco refeições por dia, mas tem gente que faz duas, mal e porcamente. E o nível de estresse? Se a pessoa passa o dia inteiro estressada, lógico que vai optar pelo trabalho intenso: ela não tem paciência e vai extravasar num treino mais intenso. Só que vai obter com isso uma resposta negativa”.

“Quem quer ser um atleta precisa pensar se tem condições de alcançar esse objetivo. Só consegue quem muda os hábitos alimentares e dorme pelo menos 8 horas por dia. Mesmo assim, quem enfrenta uma rotina estressante demais no trabalho, ao ligar isso a um treino intenso entra numa equação perigosa que o levará a um ciclo de lesões”, afirma o treinador.

(Trecho publicado na Revista O2, edição nº114, outubro 2012)

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