Estresse no trabalho e atividade intensa podem aumentar
riscos de lesões
Um dos mais antigos e renomados treinadores de corrida do
País, Miguel Sarkis revela o perigo do trabalhador corredor das grandes
metrópoles que passa a abusar dos treinos de alta intensidade.
“Especialmente nas grandes cidades, as pessoas vivem sob um
nível de estresse muito mais alto do que anos atrás. A qualidade de vida tem
piorado muito. Se você tem um atleta que é patrocinado, que tem um certo
favorecimento para esforço máximo, ele pode fazer um trabalho muito forte,
porque terá um período adequado de descanso e uma boa alimentação. Já para o
sujeito que trabalha no dia a dia e tem um nível de estresse muito grande,
quando você solicita uma atividade mais intensa, os riscos de lesões tornam-se
muito grandes.”
O obstáculo para o trabalhador-corredor é a pouca retaguarda
que oferece sua vida profissional e pessoal. “Ele tem horas de sono
insuficientes — ninguém dorme mais 8 horas por noite; não ingere a quantidade
necessária de água diária — tem gente que não chega a 600 ml por dia, e isso
numa cidade com poluição alta, baixa umidade e calor significa um mínimo de 1,5
litro por dia", alerta.
"Na alimentação, precisa de cinco refeições por dia,
mas tem gente que faz duas, mal e porcamente. E o nível de estresse? Se a
pessoa passa o dia inteiro estressada, lógico que vai optar pelo trabalho
intenso: ela não tem paciência e vai extravasar num treino mais intenso. Só que
vai obter com isso uma resposta negativa”.
“Quem quer ser um atleta precisa pensar se tem condições de
alcançar esse objetivo. Só consegue quem muda os hábitos alimentares e dorme
pelo menos 8 horas por dia. Mesmo assim, quem enfrenta uma rotina estressante
demais no trabalho, ao ligar isso a um treino intenso entra numa equação
perigosa que o levará a um ciclo de lesões”, afirma o treinador.
(Trecho publicado na Revista O2, edição nº114, outubro 2012)
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